30 novembro 2006

DOUTORADO / 2001-2005

objeto/tese
teatrodesessência/corpoemaprocesso





versão 1a. do objeto/tese
impressão digital em tecido: quatro rolos de tiras de 40 cm de largura e 16m de comprimento





versão 2a. do objeto/tese
couro e papel, diâmetro 1m2., quatro livros fixos às hastes, impressos em papel casca de ovo, páginas dobradas em sanfona amarradas com tiras de couro.











realizado para qualificação de tese em 23 de outubro de 2003
corpovídeografia do objeto/tese.
imagem: Rosana Cacciatore
edição: Clarissa




texto de Maurice Blanchot
realizado em Paris, fevereiro de 2004.
imagem: Rosana Cacciatore
fotografia e edição: Clarissa



texto de Antonin Artaud
realizado em Paris entre maio e junho de 2005
com Silvain Tanguerel
imagem e edição: Clarissa



imagem: Matilde Haa

TEATRODESSÊNCIA/CORPOEMAPROCESSO

http://www.tede.ufsc.br/teses/PLIT0240.pdf


29 novembro 2006

Ato/processo ii rito i







dezembro de 2002, no sobrado amarelo do Pântano do Sul, Florianópolis.

Participaram deste ato/processo: Marina Moros (vídeoatuação), Nena Melo (atuação), Elen (atuação), Hugo (experimentação sonora, com guitarra e instrumentos de sopro e percussão) e Sandra Alves (fotoatuação).

O ato/processo ii rito i utilizou como objeto matriz cascas de ovos espalhadas pelo espaço. Recebe a denominação de rito, pelo fato de tornar o espaço cotidiano, de residência, um espaço de cerimônia de passagem à vivência performática: experiência de arrebatamento, êxtase corporal. O ovo vazio é, não só objeto simbólico marcando o oco do princípio e fim, mas também objeto físico a ser devorado, o próprio corpo.

“O ovo é uma exteriorização”, diz Clarice Lispector em “O ovo e a galinha”. “Ter uma casca é dar-se – o ovo desnuda (...) – Quem se aprofunda num ovo, quem vê mais do que a superfície do ovo, está querendo outra coisa: está com fome.”

Este ato/processo se fez como investigação para As últimas sonatas XX em primitivus quadrus quatru – uma lenda, peça teatral escrita em 1996 e que dá prosseguimento des-contínuo à pesquisa do corpoemaprocesso, estando no limiar e excedendo o limite, entre as margens da margem da tese.


fotografia sandra alves

28 novembro 2006

mestrado / 1999-2000

o poema avoluma.doc
teatro de essência / poema processo
à Therezinha Pinheiro de Carvalho, viajante náufraga vidente,
que me fez vivo e concreto o teatro e trouxe-me pela mão
Wlademir Dias-Pino,
estirando meus músculos para dentro do poema.


"Quero fazer uma arte móvel, mas principalmente, para o músculo do homem. Uma arte que tenha rigor. Mas de uma geometria do acrobático. O desencadeamento do lúdico, mas obedecendo uma ordem biológica. Uma expressão corporal, mas sem representação. Assim é que ao correr dentro do labirinto branco, o homem se sacode interiormente (já independente da “obra de arte”), com os músculos em sintonia com a respiração. Uma arte olfativa, mas, principalmente, respiratória. (...) É um outro nível de leitura, um outro ato de virar das páginas”.

Wlademir Dias-Pino



carta à Wlademir

24 de abril. 1999.

corre um fio porque minha coluna descobre que não sei simplesmente falar. E isto é o melhor de todas as coisas já ditas.

Tentei refazer o argumento e só encontro o signo vazio do círculo, cerebralizando a fala por todo o corpo. A voz passa ser percussão, corda e caixa se quebrando uma na outra. o que meus olhos descobrem é tudo o que eu já havia visto, quando não sabia que via, respirava, existia. Era mesmo e só a coisa vista - sendo ela o espaço inteiro por onde residia.

Tenho nas mãos Teoria da Poesia Concreta dos três A, H e D. Ainda parada na página 09 fico lendo o Décio dizendo: “ Todo o poema autêntico é uma aventura - uma aventura planificada”, enquanto penso o tempo inteiro no volume do poema em forma orgânica desorganizada. Tudo isto sendo só um processo se dando nos círculos do ato. Achei teu nome citado, mas preciso encontra-lo mais extenso, exposto, lido em linhas seguidas de sintaxes propositais. Verás, pelo programa de uma das disciplinas que estou cursando - o texto sonoro - que entramos no universo do poema vocal pelas mãos da poesia concreta; a porta para abrir os ouvidos a John Cage - música aleatória ou indeterminada.

VERBIVOCOVISUAL, diz meu professor, é poesia do século XX. Então pensei, poema/processo é também teatro de essência, estão um dentro do outro na origem do Livro Contemporâneo - coisa de XXI !


Marina Moros se scaneia. Pé, dorso, braço, mão, rosto...ela vem em pedaços compondo o texto dessa dissertação, via e-mail, aleatoriamente, durante o processo da escrita. Leitura verbivisual.
Ela surge como a presença indeterminada do puro interlocutor vidente.


corpoema da cor vermelha vídeo/ato/processo

fotografia marina moros


1)A AVE VOA RETO CO 2) MO UM 3) CORTE 4) A ALTURA 5) DE 6) SEU GOSTO

“a curva amarGa SEU Vôo e fecha UM TempO com Sua fOrma.” – “O GESTO”

[fragmento do slogan do livro-poema A AVE (1956) de Wlademir Dias-Pino]

das múltiplas [in]possibilidades


23 novembro 2006

espetáculo teatral LIS LI



Quem aparece fotografando no espelho é Sheila Hameister. O ator que contracena comigo é Aceves Moreno. Este espetáculo nasceu entre a casa da praia da Armação em Florianópolis, em 1992, a chácara de Morro Redondo, 1993, e o 4o. andar do edifício da Anchieta, apartamento da Sheila, em Pelotas. Foi lá que Aceves e eu, arredando os móveis da sala, concebemos a última versão do espetáculo em agosto de 1995. Tudo começou com uma leitura em voz alta de Água vida, feita pela Vitória na casa da Armação, em Florianópolis. Daí em diante Clarice Lispector passou a ser pensamento da carne grudado ao meu osso. Comecei por uma colagem de textos de três livros da Clarice: Água Viva, Perto do coração selvagem e Maça no escuro (pedaços, fragmentos de um "mesmo"). O espetáculo originalmente se chamava Lispector Lis Li. Fiquei dois meses no Rio de Janeiro tramitando os direitos autorais e depois aguardando por um longo tempo a resposta. A demora foi tanta que decidi estrear, em junho de 1995, no I Circuíto de Teatro de Pelotas, Teatro Sete de Abril, contracenando com Deisi Rodrigues, fantástica atriz de espaços abertos e minha colega na Filosofia (nossa única apresentação juntas). A carta do filho da Clarice chega no dia seguinte, pedindo um valor inviável, tornando impossível a continuidade do espetáculo, já inscrito no X Festival de Teatro de Pelotas que ocorreria dali a um mês. Retirei o texto da Clarice e inseri outro texto, desta vez meu, sem mudar a estrutura cênica: o nome do espetáculo passa a ser Lis Li, selecionado como melhor espetáculo para a fase internacional do Festival de Teatro. Aceves e eu ainda fizemos outras apresentações em Pelotas, Florianópolis e Curitba.

22 novembro 2006

Espetáculo Hermafrodito - 1990





Hermafrodito é a primeira experiência performática do teatro de essência (uma desessência: movimento que se desfaz da totalidade da origem e é intensidade para todos os lados), som-corpo, palavra-corpo, espaço-corpo. Um monólogo de 50 min, com cenário e figurino de Zoé Degani, peça musical de Valéria Venturine, Música do silêncio – Parte II – Água, concebido em 1990 e apresentado nas cidades de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. Nesta experiência, o corpo é matéria física e sonora da palavra no espaço, o movimento rompe limites da forma e desaparece com o texto, as linguagens circulam no corpo e se excedem. Hermafrodito é o ser que nasce de uma versão mitológica [mito grego Hermaphródito, filho de Hermes e Afrodite], símbolo da hibridação em potencial das grandes polaridades que circundam os opostos, concentrada dentro de um só indivíduo. O público, no máximo cinqüenta pessoas, é inserido no espaço cênico, através de um túnel que expõe cinco painéis fotográficos em seqüência: imagens captadas pelo vídeo das etapas do desvelamento da personagem. Misturando suportes no espaço-tempo do ato, as fotos expõem o processo da metamorfose já vivido, assim como o pequeno livro oferecido à entrada: fragmentos de um diário sem data que circunscreve a experiência em torno da personagem. Hermafrodito apresenta-se com o corpo todo coberto por uma massa pastosa, feita de um material fibroso, tecido úmido, semelhante a uma cartilagem, ficando visíveis somente os olhos e a boca. Durante os 50 min, ele se mantém numa espécie de cela obscura, na qual o público está inserido de forma não ordenada em cadeiras ou mesmo no chão, diante do restrito espaço da personagem. No centro deste espaço há um colchão d’água onde Hermafrodito vive seu nascimento-desvelamento como uma metamorfose. A sala é iluminada por velas apoiadas em conchas e colheres de metal presas na parede. À frente do espaço onde permanece a personagem, há uma mangueira transparente pela qual corre ininterruptamente um líquido verde que perpassa bacias de alumínio contendo longas velas brancas acesas. Hermafrodito sendo o próprio ruído de si mesmo nascendo feito mito no rito, vai se decompondo no ato à medida que expõe o estado de efusão das dicotomias corpo-espírito, sujeito-objeto, presença-ausência. É círculo fechado, cobra mordendo a própria cauda. A palavra, segundo o léxico, pode terminar tanto com “a” como com “o”; no entanto, Hermafrodito, neste caso, é como verbo na primeira pessoa do singular: eu hermafrodito.

"somente quem profana os templos
conhece o sagrado
o sabor de nada ter nem ser"
Mariza Legemann

Ensaio facenua: 2a. investigação fotográfica. (1988)




Este ensaio foi realizado no meu quarto, na casa da Benjamin em Pelotas. Partiu-se de um poema que Sheila Hameister reinscreve em ações instantâneas e fragmentadas, criando uma escrita corporal imagética. Enquanto fotografava, Eduardo Chaffe segurava a lâmpada de cabeceira e jogava pingos de tinta preta sobre ela, depois água. Ela, desnudada, inundava-se de luz líquida.

2a. exposição individual de fotografia apresentada em Rio Grande/RS, 1988.

14 novembro 2006

Ensaio Olaria: 1a. investigação fotográfica. (1988)









Laura Helena Leão, 23 anos, Gustavo Alcantara Brod, 8 anos, estão aí como personagens de si mesmos, inseridos no cenário real de uma olaria em ruínas, na cidade de Pelotas, numa tarde de maio de 1988. Sem partir de nenhum tipo de representação, os dois se fizeram envolver apenas pela circunstância atípica e extracotidiana. Uma mulher e uma criança criam, espontaneamente, uma relação sutil e independente, permitindo um estado visionário: a vertigem de uma presença extemporânea. As fotografias em preto e branco, posteriormente, receberam a interferência da cor e foram emolduradas numa caixa preta, podendo-se testar, na exposição da imagem, o efeito do isolamento cênico criando a atmosfera surreal dessa ausência-presença. Este ensaio inaugura a experiência do teatro desessência.

1a. exposição individual de fotografia apresentada em Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas e Florianópolis/SC (1988 - 1991).